Projeto "A poesia do Jongo" promove inclusão e empoderamento na comunidade quilombola do Degredo

Um acordo homologado pela Vara do Trabalho de Linhares em ação civil pública destinou recursos para a realização de evento cultural na comunidade quilombola do Degredo, localizada em Linhares. A oficina “A poesia do Jongo” foi ministrada pelo Instituto Casa Poema entre os dias 22 e 26 de janeiro.

Tudo começou com a ação proposta pelo Ministério Público do Trabalho no Espírito Santo (MPT-ES) em face do Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Linhares (SAAE/Linhares). O acordo homologado pelo juiz do Trabalho Carlos Fonseca permitiu que música e versos conectassem gerações e resgatassem tradições ancestrais na comunidade quilombola do Degredo.

Projeto

O Instituto Casa Poema, entidade escolhida para promover a oficina, realiza em diversas comunidades quilombolas pelo Brasil um projeto chamado "A poesia do Jongo". A ideia é celebrar a oralidade ancestral e utilizar a poesia para fortalecer a identidade das comunidades quilombolas.

O Jongo é uma manifestação cultural que possibilita o elo entre as novas e as antigas gerações, representa a força das comunidades quilombolas. Como explica o professor e pesquisador Danilo Santos: " No Jongo a dança mostra a construção de elos que simbolizam a força da ancestralidade e da cultura da comunidade do Degredo."

A arte trazida pelo corpo pedagógico do instituto soma-se à força identitária dos povos tradicionais. Segundo Elisa Lucinda, poetisa capixaba e fundadora do instituto, "O trabalho com as palavras e o mergulho na produção poética das comunidades através do Jongo fazem com que haja um estímulo da força raiz dessas comunidades, um fortalecimento na tradição da oralidade."

Evento

No recital de encerramento, que aconteceu na quinta-feira, 25, sob os olhares atentos do juiz do Trabalho Carlos Fonseca; do procurador do Trabalho Vitor Borges; do secretário-geral judiciário do TRT-17, Vitorio Bianco; e dos professores do instituto, um a um os participantes declamaram os poemas escolhidos, todos de artistas negros.

Segundo Nando Rodrigues, um dos professores da oficina, "Os poemas falam muito sobre a escravidão, luta antirracista e isso casa perfeitamente com a realidade do lugar. Quilombo é lugar de luta e resistência."

Pedro Costa, mestre de Jongo e patriarca da comunidade quilombola do Degredo, expressa sua gratidão: "Receber o projeto aqui na nossa comunidade foi maravilhoso”. Segundo Pedro a oficina ofereceu a oportunidade de recuperar, através da palavra, o amor dos mais jovens pela cultura popular e ancestral.

Para a participante Marcilene, foi um momento importante de troca de saberes: jovens e velhos juntos compartilhando experiências, compartilhando as histórias de infância, de quando tudo começou. “É importante para os jovens entenderem a força que tem a palavra e o quanto nos fortalece sabermos nos expressar, para assim podermos buscar nossos direitos.”

Proximidade da justiça

“São eventos como esse, em que a comunidade local é diretamente beneficiada pelos recursos provenientes de um processo judicial, que fazem a Justiça se aproximar da sociedade”, disse o juiz Carlos Fonseca. “No caso da Justiça do Trabalho, essa proximidade é essencial para que nós, julgadores, conheçamos de perto a realidade que nos cerca e que é afetada pelas nossas decisões. Foi um verdadeiro privilégio participar de um momento tão belo e enriquecedor, do ponto de vista histórico, social e cultural” completou.

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Créditos: Coordenadoria de Comunicação Social e Cerimonial (CCOM) - ccom@trtes.jus.br

Texto e fotos: Francine Costa

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