Série de HQs do MPT celebra Dia do Quadrinho Nacional com quase 4 milhões de exemplares impressos em todo o Brasil

O projeto conhecido como “MPT em Quadrinhos” lançou recentemente sua 40ª edição com o tema “Racismo x Igualdade”

No dia 30 de janeiro, celebra-se o Dia do Quadrinho Nacional, data que faz menção à publicação da primeira história em quadrinhos brasileira, em 1869. De quase um século e meio para cá, as HQs se estabeleceram no imaginário brasileiro por atrelar, em muitas das vezes, diversão ao conhecimento e informação. Por proporcionar benefícios como linguagem acessível, estilo lúdico e a oportunidade de conversar com diversos tipos de público, o Ministério Público do Trabalho no Espírito Santo (MPT-ES) desenvolveu o projeto MPT em Quadrinhos, que traz temas do Direito do Trabalho e aborda o ambiente laboral como um todo, explicando direitos e deveres do trabalhador.

A primeira revista foi lançada em dezembro de 2012, com o intuito de ser uma edição única. Porém, devido ao papel significativo desempenhado pela publicação de informar acerca da atuação do órgão e acerca dos direitos e deveres dos trabalhadores, foram produzidas novas edições, abordando diversos temas: trabalho infantil, inserção com inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, estágio, assédio moral e sexual, racismo, saúde e segurança do trabalho, agrotóxicos, além de outros. O MPT em Quadrinhos se consolidou como uma série e já possui 40 edições.

Por dentro do universo dos quadrinhos – Ao passar pelas mãos e pelo olhar atento de roteiristas e ilustradores que as revistas do MPT ganham vida e posteriormente chegam aos leitores finais. O roteirista Silvio Alencar já escreveu 24 edições da série. “Cada edição é um aprendizado por toda pesquisa que necessito realizar antes de escrever. A liberdade que tenho para criar sobre os temas é muito bacana. Posso fazer experimentações e propor coisas novas, como foi o caso do universo compartilhado entre as personagens. É comum no MPT em Quadrinhos você encontrar personagens participando em mais de uma história e tendo uma linha cronológica dentro das revistas. A Larissa, por exemplo, já foi estagiária do MPT e agora se formou em Direito, começou a namorar o personagem João e agora está noiva”, recorda.

Apaixonado pelo universo das HQs desde a infância, ele explica que, via de regra, as histórias em quadrinhos são uma criação coletiva e que há uma necessidade produtiva para que tudo seja segmentado. Silvio informa que todo o trabalho começa com o roteiro, mas que depois é levado adiante em outras áreas, sendo uma delas a ilustração. “Os objetos e situações devem ser retratados fielmente, para que os leitores saibam o que é o instrumento, veículo ou o que quer que esteja em cena, e entenda do que está sendo falado ou ensinado”, aponta o ilustrador Jean Diaz, que já produziu mais de 13 revistas para o MPT. O profissional afirma receber muitos feedbacks positivos de alunos de escolas e organizações nas quais o material é distribuído e que, por esse motivo, “existe um componente sentimental e social envolvido muito grande, o que me estimula a fazer cada vez mais a mensagem chegar de forma mais clara e impactante no leitor”.

O ilustrador atua no ramo de HQs desde 2003 e acredita que a revista em quadrinhos tem um poder de fixação e transmissão de mensagem que muitos outros meios não conseguem ter. “Existe a prática da utilização do quadrinho em sala de aula como material didático importantíssimo tanto na alfabetização infantil como no processo de aprendizado de várias matérias em diferentes estágios da vida escolar”. Já Silvio também concorda com o papel didático exercido por histórias como as do MPT em Quadrinhos. “Numa experiência que ensina com a vivência ficcional, você aprende o porquê de certos conhecimentos serem importantes e em que momentos eles são úteis. Da mesma forma, como as informações bem técnicas mencionadas em legislações são transmitidas apenas como pano de fundo das histórias dos personagens, o leitor mal percebe que está aprendendo e se informando ao se divertir”.

Números da série – Nos quase 8 anos de MPT em Quadrinhos, mais de 3,5 milhões de exemplares já foram impressos em todo o Brasil. As revistas do MPT são usadas por empresas, órgãos e instituições para informar aos trabalhadores sobre equipamentos de proteção e segurança, doenças ocupacionais e bem-estar; bem como por escolas e faculdades para conscientizar os estudantes a respeito do trabalho infantil, estágio e aprendizagem.

De acordo com o procurador-chefe do MPT-ES, Valério Soares Heringer, os roteiros são supervisionados pelo órgão e contam com sugestões e ideias de procuradores, juízes, sindicatos, empresas, servidores do MPT e outros profissionais; para trazer veracidade e representatividade aos casos retratados. “O MPT em Quadrinhos é uma das nossas mais importantes iniciativas no sentido de informar a sociedade sobre cidadania, direitos humanos e normas trabalhistas. As estórias são construídas a partir de casos concretos encontradas em processos judiciais e extrajudiciais, com roteiros aprovados por uma equipe multifuncional, bem como por convidados externos. Os quase quatro milhões de exemplares impressos e distribuídos até o momento nos enchem de orgulho de fazer parte desse projeto!”, comemora.

Para ler todas as edições da série, acesse o site www.mptemquadrinhos.com.br/

*Jean Diaz é ilustrador e começou no ramo após estudar na escola Impacto Quadrinhos, situada em São Paulo. Atua profissionalmente desde 2003, quando fez seu primeiro trabalho para o mercado americano chamado “The Shield”, uma adaptação de seriado televisivo para os quadrinhos

*Sílvio Alencar é roteirista e foi um dos finalistas do Anima Mundi Web em 2003. Foi aprovado no edital de quadrinhos da Secretaria de Estado da Cultura (Secult) em 2013, com a história “Contos da Ilha de Santônio” e em 2015, com uma coletânea de curtas de HQs publicadas na web.

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