Mulheres em cargos de chefia recebem, em média, 28,07% a menos que os homens no Espírito Santo

Meio ambiente do Trabalho, violência e gênero serão debatidos em Seminário na Ufes, nesta sexta-feira (4/10)

Dados colhidos pelo Observatório da Diversidade e da Igualdade de Oportunidades no Trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT) revelam a disparidade salarial entre homens e mulheres no estado do Espírito Santo. A desigualdade é ainda maior em relação aos ocupantes de cargos de direção: pessoas do sexo masculino recebem, em média, R$ 5,7 mil, enquanto que o sexo feminino ganha R$ 4,1 mil, o que representa 28,07% a menos.

O levantamento demonstra que essa média foi produzida com base na análise de dois regimes distintos que regem questões trabalhistas: a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e o estatutário (que regula a relação de trabalho e os direitos de servidores públicos, tanto municipais, estaduais ou federais). Tratando-se da CLT, a diferença assusta: as mulheres em cargos mais altos, recebem 49,01% a menos (R$ 10,2 mil contra R$ 5,2 mil). Já no regime estatutário, a diferença cai para 18,75%.

Somadas às questões raciais, a situação é ainda mais preocupante: dados de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), analisados pelo Observatório, informam que nos setores formal e informal do Espírito Santo, homens brancos recebem 3,6 salários mínimos; seguido das mulheres brancas, com 2,4 salários mínimos. Homens negros aparecem na terceira posição, com 2,2 salários mínimos; e, por último, as mulheres negras, com apenas 1,6 salários mínimos – o equivalente a R$ 795 reais na época.

A representante nacional da Coordenadoria de Promoção de Igualdade de Oportunidades e Eliminação da Discriminação no Trabalho (Coordiguldade) e procuradora do Ministério Público do Trabalho no Espírito Santo (MPT-ES), Keley Kristiane Vago Cristo, afirma que estudos sobre a divisão sexual do trabalho apontam que há uma hierarquização, no qual é dado valor superior ao trabalho do homem em comparação ao trabalho da mulher.

Nesse sentido, as mulheres têm seu acesso a cargos de comando e direção dificultados, não obstante apresentem nível de escolaridade igual ou superior a homens, na mesma condição. De outro lado, pela construção social, os cuidados com os filhos e familiares vulneráveis, bem como toda gama de atividades domésticas são consideradas funções femininas, conferindo à mulher uma reponsabilidade muito maior na esfera privada (lar), dificultando sua atuação mais ostensiva na esfera pública (mercado de trabalho, sociedade).  Por consequência, o ingresso e crescimento na carreira é dificultado”, explica a procuradora.

Seminário na Ufes – Temas como esse serão debatidos no seminário “Violência no Trabalho: enfrentamento e superação”, que ocorrerá na sexta-feira, 4, no auditório do Centro de Ciências Exatas (CCE) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). O objetivo do encontro é discutir políticas de prevenção de trabalho em condições inseguras e questões que configuram violências no ambiente laboral.

O seminário terá palestras que irão abordar “Meio ambiente do Trabalho, violência e gênero: quais desafios?”, “Saúde mental relacionado ao trabalho”, “Violência no trabalho e o cultivo da paz”, “A responsabilidade social da empresa”, dentre outras.

A procuradora Janine Milbratz Fiorot será presidente do painel "As atividades empresariais e a sociedade". O procurador Bruno Borges da Fonseca também irá compor uma das palestras, além de magistrados e especialistas. O representante do MPT abordará o tema "Dumping social".

O evento é organizado pelo MPT-ES, Tribunal Regional do Trabalho do Espírito Santo do Programa Nacional Trabalho Seguro, da Escola Judicial do TRT-ES (Ejud) e da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em parceria com o Governo do Estado do Espírito Santo, Ministério da Economia, Fundacentro, Polícia Rodoviária Federal e Associação dos Magistrados do Trabalho da 17ª Região (Amatra).

Confira a programação completa clicando aqui: bitly.com/334palR

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